domingo, 2 de setembro de 2012

Reticências...


Estava escrevendo hoje e me dei conta de como gosto de usar reticências...

E então vieram as perguntas:
- Será que sou uma pessoa reticente?
- Será que sou evasiva, indecisa?
- O que isso quer dizer?
- Será que precisa necessariamente significar alguma coisa?

E então desisti por um minuto, me senti angustiada com tanta inquietação e me propus outra atividade qualquer. Mudei a direção.

Agora, escrevendo este texto, me dei conta de que sou curiosa, gosto de me perguntar, de perguntar aos outros os por quês da vida. Me divirto assim.

Não à toa fui procurar a faculdade de Filosofia aos 18 anos, mesmo com aquele medinho de pirar, sair da realidade. A Filosofia para mim era como uma substância alucinógena, que pode abrir as portas da pecepção, mas não garante que elas nos levem a lugares agradáveis ou divertidos, e podem se fechar antes mesmo de voltarmos.

Enfim, reticências são lindas, abrem espaço para pensar, para perguntar, para viajar, para criar...e deixam sempre o caminho livre para voltar e descansar.


sábado, 3 de março de 2012

DEMITA SEUS GURUS - Por Tijn Touber

Demita seus gurus

 
Por: Tijn Touber

É hora de acabar com a dependência e nos tornarmos tão grandes quanto os mestres que seguimos – tão autênticos, peculiares e obstinados quanto eles.


Ilustrações: Indio San

Gurus, professores espirituais, terapeutas: eu costumava segui-los com devoção. Devorava seus livros, não perdia um seminário e me sentava a seus pés. Durante anos viajei para a Índia, sem dúvida o país com maior índice de gurus por habitante. Todo professor que eu encontrava prometia algum tipo de libertação: um dizia que seria pelo compartilhamento do conhecimento, outro por meditação, Yoga ou recitação de mantras. Havia os que eram a própria encarnação do amor; outros eram rudes e investiam sem piedade contra seus seguidores até lhes despedaçar o ego. Contudo, comecei a questionar se a relação entre um guru e seus seguidores seria mesmo a melhor maneira de atingir a libertação. Afinal, pouquíssimas vezes encontrei um seguidor que houvesse alcançado a iluminação. A maioria dos seguidores era gente devota, mas que duvidava muito de si mesma. Percebi também que algumas vezes eu parecia encolher na presença de um guru que inspirava admiração em todos. Seria um sentimento de respeito ou seria medo? O mestre zen chinês Lin Chi chamava a atenção para o perigo dos gurus. Ele via como seus contemporâneos transferiam a responsabilidade por seu bem-estar espiritual para outros. Com isso as pessoas abriam mão de seu poder. Essa observação levou-o a fazer uma declaração que se tornaria célebre: “Se o Buda cruzar seu caminho, mate-o”. Se você acha que vai encontrar a iluminação fora de si mesmo, está no caminho errado.

Os ensinamentos de Lin Chi se mantêm atuais ainda hoje. Apesar da extrema individualização do mundo ocidental, as pessoas continuam em busca de algo em que se apoiar. Hoje há mais gurus do que nunca com os nomes de conselheiro mental, terapeuta, assistente social.

O cientista social americano John McKnight há mais de 40 anos estuda o efeito dos conselheiros profissionais sobre a sociedade. “Todas as vezes que procuramos um especialista, abrimos mão de uma parte de nós mesmos. Com sua atuação, os conselheiros profissionais esvaziaram a alma da comunidade”, diz ele em The Careless Society (A sociedade negligente). Gurus e conselheiros profissionais não são os únicos que tendem a tornar as pessoas dependentes. Pais e educadores muitas vezes fazem o mesmo. Quantos deles veem o “Buda” nas crianças? Quase nunca perguntamos às crianças quem elas são, e sim o que desejam ser. A mensagem subjacente é a seguinte: vocês não são coisa alguma, mas se fizerem o que recomendamos, poderão se tornar alguém no futuro. A ideia de que temos de nos tornar alguma coisa para sermos bem-sucedidos, livres ou felizes é um enorme mal-entendido.

A convicção de que um caminho externo pode nos guiar a algo melhor é a razão pela qual praticamente ninguém jamais chega a seu destino. Se estamos sempre a caminho, jamais chegaremos a parte alguma. Os gurus também prometem a iluminação para mais tarde, condenando seus seguidores à eterna dependência. O que seria do guru se ele não tivesse seguidores? Naturalmente, alguns personagens não ficaram encurralados nessa mútua dependência. Esses são os mestres radicais, que não toleram seguidores nem tietes, porque sabem que a liberdade espiritual só pode ser alcançada por aqueles que ousam se apresentar nus perante a verdade, sem lealdade prévia a uma doutrina ou guru. Jesus jamais teria se tornado cristão, tampouco Buda seria budista. Esses mestres eram rebeldes que seguiam antes de tudo a si mesmos. O analista Carl Gustav Jung é mais um exemplo. Certa vez, ele disse: “Graças a Deus não sou junguiano”.
Jung referia-se ao que considerava um problema de relações desiguais em todas as formas de terapia. Ele acreditava que a cura só poderia acontecer se houvesse espaço para a pessoa em toda a sua inteireza. Uma relação desigual implica a existência de uma muralha que o seguidor dificilmente terá condições de atravessar. Superar o mestre é difícil, sobretudo se aprendemos a não confiar em nossa própria sabedoria. O seguidor não percorre uma trajetória própria, e sim a de um outro, porque se trata de um caminho já palmilhado. Portanto, não há necessidade de muito esforço para segui-lo. A conclusão a que o mestre chega – o resultado do trabalho espiritual – não é a mesma a que chega seu seguidor. O mestre experimentou tanto a trajetória quanto o destino. O discípulo conhece apenas o destino, conforme descrito pelo mestre.


Esta é a razão pela qual os discípulos quase sempre são mais santos do que o papa e mais radicais em suas opiniões do que o mestre. Tais opiniões, não raro, podem ser reduzidas a cápsulas de fácil digestão. Afinal, quanto mais inseguras forem as pessoas, mais se apegarão à “verdade”. Além disso, a maior parte dos discípulos não entende totalmente os ensinamentos do mestre, por isso insights sutis e complexos são pasteurizados em conceitos de fácil entendimento.

O paradoxo que muita gente encontra em sua busca por iluminação se deve ao fato de que esse estado de consciência não corresponde ao apego a “verdades” e “fatos”. Um fato não é uma verdade, e sim uma criação. Portanto, não perdemos nossa “natureza búdica” por causa daquilo que não sabemos, e sim por causa daquilo que estamos convictos de saber porque outras pessoas assim nos disseram. No momento em que nos convencemos de que alguma coisa é fato, perdemos contato com a realidade. Talvez os gurus não sejam mestres a ser imitados. Talvez sejam exemplos que podem nos servir de inspiração. Eles nos mostram que é possível atingir um estado superior de consciência, mas cabe a nós chegar lá. Portanto, é hora de mandar embora os gurus (fatos, verdades, crenças, princípios, dogmas) para que o guru dentro de nós aflore. É hora de nos tornarmos tão grandes quanto os gurus que seguimos – tão autênticos, peculiares e obstinados quanto eles. O tratamento deu certo: o guru morreu.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Partes do meu trabalho, que amo.


Cena baseada em capítulo do livro “Leo e as caixas de música” - apresentação de encerramento

A ideia de realizar um encerramento com as turmas de 6º e 7º ano, que tinham aula juntas, veio da vontade de aproveitar o talento e o interesse de cada aluno, sem que nenhum fosse “obrigado” a fazer o que não queria.

Desde a época da escola me lembro de participar de eventos que me deixavam desinteressada, mas em outros momentos me interessava muito, como as apresentações de dança e música.

E foi pensando nisso que tive a ideia de realizar uma cena teatral, baseada num capítulo do livro “Leo e as caixas de música”, do maestro Ricardo Prado. Assim eu poderia mostrar as várias faces do Programa Repertórios, trazendo para a apresentação a transdisciplinaridade, e aproveitar o talento de cada aluno.

Daí até a realização da apresentação foi um caminho mais complicado do que eu imaginava. Era minha primeira experiência montando um evento de encerramento que envolvesse algo além de música.

Primeiro expus a ideia às turmas, que gostaram muito, e logo em seguida parti para escolher o capítulo do livro a ser utilizado. Os capítulos “Manhãs de Domingo” (pg.62) e “Gerações” (pg.66) eram perfeitos para o que eu estava imaginando, pois envolviam um encontro do personagem principal com seus amigos para ouvir e falar de música, mas também envolvia as personagens Helena e Maria, fundamentais para a história.

Idealizei e redigi um roteiro teatral, com introdução, narração e as falas de cada personagem, distribuindo em sala de aula para cada aluno, e li em voz alta para a turma ter uma ideia ampla do que faríamos.

Logo em seguida pedi que escrevessem num papel o que desejavam fazer, entre atuar, cantar/tocar, produzir o cenário, ser o locutor inicial da peça e ser o narrador, na voz do personagem Leo. Foi o que cada um fez, e fui montando um quadro com funções e possíveis nomes para cada uma.

A parte em que tivemos que escolher quem faria cada personagem foi uma das mais complicadas. Fizemos tudo juntos, e não quis obrigar ninguém...resultado: nenhuma menina queria representar a avó ou a empregada. E depois de muitas negociações (e disputas por papéis importantes também), tive a grata surpresa de duas alunas, do 6º ano, numa atitude madura: aceitaram fazer os papéis, entendendo que eram extremamente importantes no livro, e que na pequena cena que faríamos eram peças chave também.

E então deram-se os ensaios, iniciados por leituras em grupo das falas dos personagens, e paralelamente os próprios alunos se organizaram em um grupo de dança e outro de música.

Escolhemos o repertório da banda pensando em usar uma música do livro, e chegamos ao Legião Urbana, que eles gostam muito. Já o grupo de dança escolheu sua música, uma canção mais atual, fazendo o link  do passado com o presente.

E os alunos que optaram por participar da confecção do cenário se juntaram em grupos para produzir cartazes com fotos e desenhos das bandas clássicas de rock, e com as novas bandas de rock. E um lençol, que foi utilizado como “coxia”, foi decorado, como acontece em um momento do livro também, com símbolos de paz e amor, rock ‘n roll e com a referência ao livro “LEO”.

Tudo pronto, correria, todos muito nervosos (inclusive a monitora), mas comprometidos com a produção, no dia da apresentação cheguei à escola e já estavam todos lá prontos para me ajudar a montar tudo no auditório. Coloquei um cd de rock para animar o pessoal e seguimos com escada, tesoura, fita crepe, linha e agulha, montando o cenário e passando o som, com os imprevistos de uma estréia (esqueceram de levar o violão e uma mãe disponível e solícita teve que se despencar para a escola, levando o instrumento, fundamental para o evento).

Tudo resolvido, platéia cheia de alunos e famílias, nos concentramos atrás da coxia e demos início ao show.

Foi como se eu estivesse lá, as borboletas no estômago, boca seca, atenção redobrada para que nada desse errado...era só uma cena, envolvendo teatro, música, dança e artes visuais. Mas para nós era o grande momento, o resultado de um trabalho em grupo, da superação de dificuldades e da criatividade e do talento de cada um ali.

Em menos de 15min acabou, mas tenho a certeza de que este foi tempo suficiente para marcar as vidas daqueles adolescentes, assim como marcou a minha.

A alegria, que permeia nossos encontros, estava ali, tornando o auditório uma grande celebração da vida, da arte, da amizade. Penso que então o Programa Repertórios aconteceu de forma completa, unindo artes, forças e talentos.

Isso é um pouco do meu trabalho, e quis registrar aqui, pra mim mesma e para quem mais se interessar.
Laura Berrêdo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Reflexão sobre o texto "Evoluídos sentem raiva só por um minuto"

Gostei do texto de Emilce Shrividya, tem muito a ver com o que tenho buscado, apesar de não ser exatamente o que penso, até porque somos pessoas diferentes, e ela deve ser mais experiente do que eu nesse assunto...




Livrar-se da tirania da raiva não é fácil, vivemos num mundo que fomenta a raiva, que a faz valiosa. 

Por isso sei que tenho um longo caminho pela frente, mas isso é bom, significa que estou nele! E isso é a jornada da vida, creio eu, a busca pela evolução, mas não a evolução no sentido de me tornar uma santa, perfeita, zen e iluminada.

Evolução pra mim é o caminho, é a busca, é querer ser uma pessoa melhor a cada dia, e aceitar que nem todo dia é possível ser assim, TUDO BEM.

Sempre ecoa em minha mente a frase: "Seu pior inimigo é você mesmo, e da mesma forma e intensidade, pode ser seu melhor amigo!"

O grande lance é aprender a usar os sentimentos ruins, como a raiva, para bons fins...a raiva pode ser uma mola propulsora para a mudança, para a revolução, para uma guinada. Mas nunca pela violência, que só gera mais raiva, e sim pelo amor, que tudo acalma e felicita.

'Evoluídos' sentem raiva só por um minuto


'Evoluídos' sentem raiva só por um minuto
Por Emilce Shrividya


As escrituras do yoga dizem que uma pessoa evoluída conserva sua raiva por um minuto; uma pessoa comum conserva-a por meia hora e uma pessoa ainda não evoluída conserva sua raiva por um dia e uma noite. Mas uma pessoa cheia de mágoas lembra-se da sua raiva até morrer.

É humano sentir raiva, faz parte de nossa evolução, mas devemos esquecê-la rapidamente. Não devemos alimentá-la nos lembrando dela, nem remoendo acontecimentos passados, porque a raiva causa uma grande inquietude interior.

Somos as primeiras vítimas de nossa própria raiva. Ela nos queima por dentro, tirando nossa paz; obscurece nossos pensamentos, distorce nossas percepções.

A raiva acumulada, guardada um pouco aqui e ali, nos prejudica muito e nos afasta de Deus, de nossa verdadeira essência divina, de nossa bondade e compaixão.

As pessoas pensam que alguém ou algo lhes provoca raiva, mas essa raiva já existe dentro delas, é criada e mantida por elas. Se você sente raiva, não pode culpar a ninguém a não ser você mesmo.

Seis tipos de pessoas são tristes


No grande poema épico indiano, Mahabharata é dito:

"Seis tipos de pessoas são tristes:
- Aquelas que têm inveja dos outros
- Aquelas que odeiam os outros
- Aquelas que estão descontentes
- Aquelas que vivem da fortuna dos outros
- Aquelas que são desconfiadas
- Aquelas que têm raiva"

Verdadeiramente, é a raiva que produz as outras cinco condições que causam a tristeza.
E esta raiva assume muitas formas, muitas facetas como: aflição, ressentimento, contrariedade, mau humor, aspereza, animosidade, explosões de raiva, ira, rancor, crises de choro e soluço. Muitas vezes, as lágrimas não são sinais de fraqueza, mas a força da raiva.

A raiva envenena corpo e mente

Ataques de raiva e de mau humor produzem danos sérios nas células do cérebro, envenenam o sangue, causam insônia, depressão e pânico; suprimem a secreção dos sucos gástricos e da bílis nos canais digestivos, criando gastrites e úlceras, esgotam a energia e vitalidade, causam problemas cardíacos, provocam velhice prematura e encurtam a vida.
Quando você se zanga sua mente fica perturbada e isto reflete em seu corpo que sente distúrbios. Todo o sistema nervoso se agita e você se enerva, perdendo a harmonia, a eficiência de agir, o vigor e o entusiasmo.
A raiva é uma energia poderosa que precisa ser dissolvida para que você possa ser mais livre e saudável.
Colocar a raiva para fora apenas agrava esta emoção negativa e a faz crescer ainda mais. Se deixarmos isto sem controle, expressando nossa raiva cada vez mais, ela não vai se reduzir e sim aumentar, gerando mais dor e inquietude para nós.

Aprenda a lidar com a raiva


É necessário aprender a lidar com a raiva e nos livrar de seus efeitos negativos tanto físicos, mentais e espirituais.

Como o desejo está muito ligado à raiva, é importante quando sentimos raiva perguntar a nós mesmos o que queremos desta situação que não estamos conseguindo. Isto cria uma mudança em nosso foco. E em vez de ficarmos presos na raiva, nós a observamos. E logo depois, podemos perguntar a nós mesmos de que outra maneira podemos conseguir o que queremos. E podemos perceber que idéias alternativas surgem na mente e isto melhora nossa frustração e diminui a raiva.

Existem pessoas que gostam de ficar com raiva. Sentem satisfação, poder e liberdade quando têm explosões de raiva. Acham que até aliviam as tensões, mas depois se culpam e lutam para controlar isso. Ajudaria muito se elas entendessem que mesmo que possam sentir alívio no momento, isto não funciona. A raiva apenas escraviza, e é prejudicial tanto fisicamente, psicologicamente e espiritualmente.

Porém existem momentos que a raiva é incontrolável e nem temos tempo de nos fazer perguntas sobre o que queremos. Nesses momentos, não é possível sentir desapego, ficamos presos completamente. O que podemos fazer?

A melhor saída

A melhor saída é sair da situação, dar uma volta, se afastar do ambiente ou da pessoa, tomar um copo de água, respirar algumas vezes profundamente, lembrar-se de Deus, do mantra.

Depois quando nos acalmarmos, podemos voltar e lidar com o assunto de uma maneira mais equilibrada, sem ofender e magoar os outros; sem nos desequilibrar.

Quando falamos de uma maneira tranquila sem raiva, o outro pode até nos entender e ouvir melhor, mas quando falamos com raiva só criamos mais conflitos e desarmonia.

Para se afastar no momento da discussão ou apenas ficar calado até se acalmar é necessário humildade. Quando estamos com muita raiva, queremos que a outra pessoa admita que está errada e isto é orgulho. Esse orgulho impede que nos acalmemos. Mas se você admitir que dissolver a raiva é mais importante do que provar que o outro está errado, você sente a humildade que lhe liberta da tirania da raiva.

Todos os inimigos internos alimentam uns aos outros e se estamos presos no orgulho é mais difícil lidar com a raiva. A humildade nos ajuda a testemunhar o que está acontecendo dentro de nós.


Em vez de guardamos raiva por horas, ou dias, podemos largá-la logo e evitar assim muitos momentos de sofrimento. Basta não alimentarmos essa raiva, não remoendo e lembrando acontecimentos passados. Se voltarmos nossa atenção para outras coisas e para o momento presente, ficamos livres da raiva e podemos ter momentos felizes.

A raiva acumulada desde a infância gera a depressão que tira a alegria de viver. Hoje em dia muitos médicos receitam remédios para depressão que podem até aliviar um pouco os sintomas, mas enquanto a pessoa não for na causa verdadeira da depressão, ela vai ficar sempre dependente e triste, pois depressão é uma doença da alma.

Como diz a Bhagavad Gita, uma escritura do Yoga:
Aquele que é capaz de suportar, aqui na terra, a agitação que resulta do desejo e da raiva, é disciplinado; ele é verdadeiramente um homem feliz
.[5:23]

Cultive emoções positivas

Porém não podemos nos libertar da raiva simplesmente suprimindo-a. É necessário cultivar com constância os antídotos da raiva: a tolerância e a paciência.

Perceba em sua vida os efeitos benéficos da tolerância e da paciência e perceba também os efeitos destrutivos e negativos da raiva, dos ressentimentos e mágoas.

Contemplação e conscientização vão lhe motivar a desenvolver esses sentimentos de tolerância, paciência e aceitação além de fazer com que você tenha mais cuidado em não alimentar pensamentos de raiva.

Para ficarmos livres desse inimigo interno tão destrutivo que surge de uma mente insatisfeita e descontente, é essencial gerar o contentamento interior, a gratidão e o entusiasmo; cultivar a bondade, a benevolência e a compaixão. Isto vai produzindo serenidade mental que impede a raiva de se manifestar.

A prática regular da meditação nos ajuda muito a dissolver a raiva e transformá-la em paciência, aceitação, e o perdão surgirá espontaneamente. Com o perdão podemos abandonar os sentimentos negativos associados aos acontecimentos passados nos livrando das sensações de raiva e ressentimentos.

Baba Muktananda, em seu livro Encontrei a vida, nos conta que certa vez perguntaram à grande santa Rabi'a:
- Você alguma vez sente raiva?
-Sim -replicou ela-, mas só quando me esqueço de Deus."

Contemple essas palavras e compreenda que ao lembrar-se de Deus, ao desenvolver virtudes divinas, não haverá espaço para a raiva em seu interior e assim, você poderá ser mais livre e feliz. Fique em paz!

Referências bibliográficas
:
Encontrei a Vida- Muktananda, Swami- Ed. Vozes.
Lama, Dali-A arte da Felicidade-Ed. Martins Fontes.
Meu Senhor ama um coração puro- Chidvilasananda,Swami- Ed. Siddha Yoga Dham Brasil

Emilce Shrividya é professora de Hatha Yoga.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O mais lindo dos seres chegou pra mim depois de muito tempo de espera. Isso foi há uma década, e mais algum tempo...
Este momento foi tão inesquecível que poderia ser parte da História da Humanidade, e é...como todos os nascimentos e mortes que se seguem todos os dias desde o início dos tempos.

Ele chegou devagar. Aos poucos minutos do dia trinta de maio do ano dois mil comecei a sentir pequenas dores, as tais contrações, e horas depois eis que me deparo agarrada a um bebê sofrendo junto comigo, mas de forma muito diferente, as dores (e as delícias) desse parto, essa passagem. A morte de uma gravidez, e o nascimento de um bebê. A morte de uma gestante, e o nascimento de uma mãe.

Desde então a vida foi se modificando tão rápido...ou eu fiquei mais atenta. E a cada dia, uma mudança...até que me perdi em outras atenções também, pois além de mãe sempre fui outras...
E de tempos em tempos me deparo, estupefacta, com grandeza da Natureza, que transforma a vida, os seres vivos, a todo momento.
Há músicas sobre isso, filmes, peças, obras inteiras, coisas lindas que não posso comparar com este humilde texto, esta singela constatação, a respeito da magia que é ser mãe. Mas posso, isso sim, comparar, a minha obra prima, a toda e qualquer obra prima de todo e qualquer gênio da pintura ou da literatura; da música e do cinema, da ciência e da religião...meu filho.
Este ser tão intenso e misterioso, por mais que eu o conheça, é e sempre será minha luz, meu motivo, minha razão de ser uma pessoa melhor.
Ele, que chegou sem pedir pra chegar, conquistou a mim e a tantas outras pessoas, e segue um caminho humano, com dificuldades e realidades, mas também com sonho, desejo, alegria e realização.
Nunca fui muito religiosa, e nem religião alguma sigo, mas espiritualidade não é religião, e isso estou começando a vivenciar.
Volto minha atenção a este momento, que se mostra próximo a um parto, a uma passagem, e convoco os deuses e toda a energia do universo, para que protejam e iluminem os caminhos do meu filho, e que lhe dê sabedoria para fazer boas escolhas, confiar em si mesmo e aprender a aprender...especialmente a ser feliz.

Pra você, meu filho, com todo o meu amor.

O canto em grupo: canto coral


O canto é reconhecidamente, desde a Antiguidade, uma das formas de expressão mais utilizadas pelo ser humano. A música movimenta, mobiliza, e por isso contribui para a transformação e desenvolvimento. Existem muitas formas de usar a música no cotidiano, em celebrações ou rituais religiosos, de maneira formal ou informalmente. Seja como instrumento de comunicação, reflexão, louvação, ou para simples entretenimento, é inegável a força da linguagem musical quando expressa através da voz.